quarta-feira, 9 de junho de 2010

O QUE TE FAZ CONTINUAR.


Para tudo na vida há uma explicação, nada é mero acaso. Um exemplo bom pra isso é quando você inicia uma nova empreitada e pode contar com o apoio de pessoas próximas, isso é o que te faz continuar.

Dinheiro rolando na conta é muito importante e obrigatório para a manutenção da vida financeira, mas, você só saberá que está no caminho certo quando passa a contar com a ajuda do seu público.
Os elogios, sugestões e críticas lhe fornecem noção de onde você está e para onde está indo, eles é que dizem se você realmente está realizando aquilo que você imaginou fazer.

Por isso resolvemos postar aqui um apanhado de comentários que recebemos por diversos canais, estes são apenas alguns dos primeiros comentários, esperamos mais e mais, pois, É ISSO QUE NOS FAZ CONTINUAR .



Ligia disse...
Alô meninos! Lindo, criativo, e elucidativo post de apresentação.
Quanto ao Sebastiana real, já o conheci e devo atestar que o sonho de vocês se concretizou, em uma deliciosa realidade!
Quanto à idéia de que o cliente se sinta num ambiente friendly, com gostinho de comida caseira, a proposta foi atingida, pois ao provar o chutney que acompanha o bolinho de risoto, lembrei de receitas de família, e foi paixão à primeira vista, ops, à primeira prova...
Parabéns! Muito bem vindos, e sucesso ao Bistrô.
Honório, coloca uma foto, com a bice na porta!

Abraços.
10 de maio de 2010 13:28

From: Cris Jorge Date: 2010/5/9
Subject: Sebastiana
To: CEC List

Galera,

Sinto informar que passei na frente e fui conhecer o Sebastiana este sábado... :) Tinha que aproveitar que este sábado estava de bobs por volta de 2 da tarde e decidi ir almoçar lá. Adorei...
Pedi uma entradinha, que esqueci o nome, mas valeu: uns rolinhos de rosbife recheados e umas batatinhas coradas, com um molhinho metade alho/metade picante.
Pra comer um entrelaçado: um talharim ao molho de tomate com camarões no ponto certinho (nem crus, nem cozidos demais) - perfeito.
E pra terminar, provei a sobremesa dos meus amiguinhos: um arroz doce brulleé (podem imaginar o que é isso?) e um bolinho de milho com goiabada derretida que vai ficar na memória, que delícia!

É isso, apenas pra passar umas impressões rapidinhas pra vcs. Eu recomendo.

Beijos,
Cris

Em 13 de maio de 2010 16:32, Guilherme Fonseca escreveu:

Valeu, Honório!

O restaurante está muito legal e fiquei impressionado com o movimento para um restaurante recém aberto. Parabéns! Algumas críticas seguem abaixo. Não sou especialista, embora coma muito fora, então podem ter coisas não muito pertinentes.
[SEBASTIANA]Pois é, o movimento realmente chama a atenção, mas, o que nos impressionou foi a constante, não tivemos uma super 1ª semana e depois uma queda, estamos numa linha horizontal muito bacana, sem ter uma divulgação massiva. Sobre decoração e ambientação o lance no geral é: Faltam alguns pequenos detalhes que fazem grandes diferenças (quadros, flores, livros, adereços de mesa).


Sim, você é um especialista, pode não conhecer tudo (nem irá), mas, sei que conhece bem para poder falar, e o melhor sabe colocar muito bem os pontos.

Layout do cardápio: alguns erros básicos como a fonte da primeira coluna de pratos principais está maior que a da segunda coluna também de pratos principais. Tomates não são fescos, mas sim "frescos"!
Cebolinha não pode ser usado para dizer uma cebola pequena. O brilho atrapalha muito a leitura para quem está sentado de costas para a janela.
[SEBASTIANA]Realmente o cardápio apresenta esses erros, a questão da fonte foi vista, mas, infelizmente, não fizemos uma prova antes da impressão e acabamos pagando esse preço. Sobre o texto ainda estamos reticentes sobre o uso desses adjetivos, confesso que é muito difícil encaixar o uso dessas palavras de maneira correta e que ainda fiquem "apetitosas". Já o brilho, tem muito haver com a casa não ter sido projetada para o dia, ou seja, na iluminação artificial esse tipo de problema não ocorre, já testamos.

Conteúdo do cardápio: senti alguma dificuldade de achar pratos que eu gostasse, embora ache que eu coma quase tudo. Senti falta de algum prato a base de filé de peito de frango e também mais algum prato de carne bovina. Quero muito experimentar o porco (do sitio), mas não tinha. Vai ficar pra próxima!
[SEBASTIANA]Essa dificuldade as vezes é positiva, pois, mostra que não estamos na mesmice, mas, ao mesmo tempo pode nos derrubar. O cardápio foi pensado para acompanhar uma estação e tem como marca a "conversa" entre os itens, não queríamos algo que soasse muito regional ou muito contemporâneo, nem que fosse discrepante entre os itens (saca aquele cara que faz comida tailandesa, italiana e de quebra serve vegetariano). O que faltou para acabar com sua dúvida foi o auxilio do garçom ele é o link entre ele e você... Estamos todos os dias treinando eles. Sobre faltas esse é um problemão, bons fornecedores no Rio é muito difícil, temos poucos

Aparência dos pratos: No geral muito boa! Só filé com linguine ficou meio feio.
A intenção aqui é não pesar nos excessos e deixar os sabores se completarem o sabor da sálvia é muito forte não podemos pesar na mão. Esse linguinie é difĩcil pq tem a cara do macarrão mais comum de pf de botequim. Poxa, nunca o observei por essa ótica, sempre achei uma massa gostosa e de aspecto sutil. Servido com um molho que não tem pedaço de nada diferente, fica mais difícil. Esquecemos das pimentas, erro nosso. As folhas por cima foram uma tentativa de enfeite, mas acho que não bastou. Decoração errada, ainda estamos ajustando isso, esse é um prato com acompanhamento único, mas com muitos aromas.Sabor dos pratos: Gostei muito do meu peixe, inclusive do creme frio de arroz, Que deveria estar quente, fumegante embora a Jamie e a Patrícia tenham odiado esse creme. Talvez se estivesse quente elas gostassem
O filé da Jamie estava bem saboroso e num bom ponto, embora tenha ficado surpreso do garçon não ter perguntado o ponto desejado. Gostamos sempre que a carne saia ao ponto, mas quem decide é o cliente e quem pergunta é o garçom, falha nossa. Um dos meus pedaços de peixe ficou com muito sal, mas os outros estavam perfeitos.Sutilezas de cozinha, os meninos, as vezes não observam que as vezes nossa mão está húmida e carrega um pouco mais de sal ou açucar e isso pode criar a situação que você colocou.

Espaço: muito bonito. Gostei não só da decoração como tb de ver a cozinha. A mesa da gente logo que a gente pegou estava completamente instável. A gente mesmo rodou a mesa e melhorou muito. Gosto do esquema de comer direto na madeira, sem toalha, papel, nem jogo americano.

[SEBASTIANA]Mesas! mesas! essas sem dúvida foram nosso maior erro, o artesão conseguiu Fo@#$% com nossa vida, errou nos pés, e agora temos que trocar todos. Quanto a decoração ainda estamos compondo, flores, talheres, jogo americano...

Atendimento: O garçon foi atencioso, embora tenha achado ele inseguro. Pareceu do tipo iniciante, mas com potencial. O que não gostei foi ele só dizer os pratos que não tinha quando a gente ia pedir. Isso ocorreu tanto no prato principal quanto na sobremesa. Como faltavam vários pratos acho que ele devia dizer antes.

[SEBASTIANA]Eles são jovens e não exerceram tantas funções ao mesmo tempo, nem mesmo tiveram permissão de ser tão próximos ao cliente como é aqui. Quanto as faltas essa será sempre uma sinuca de bico, se falamos antes, alguns clientes podem entender como um "cai fora" e se falamos depois, parece displicência, o melhor mesmo a se fazer é não ter faltas no cardápio e isso estamos correndo atrás.

O que eu consegui lembrar foi isso. Parabéns novamente. Depois eu volto para comer o do sitio!

[SEBASTIANA]Meu camarada, agradeço sua visita, agradeço mais ainda o retorno que você me oferece, espero que volte...será sempre bem vindo. Quero só ajustar tudo. Estamos sempre buscando o melhor.

Abs,
Guilherme

Fala pessoal,

Hoje foi meu dia de dar uma passada lá.... Aproveitando que não havia nenhum chefe na minha area, sai para comprar umas peças para minha bike e já que estava perto não pensei duas vezes fui direto para lá para almoçar.
Então o filé ao molho com pimenta rosa é um espetaculo, para finalizar uma sobremesa e um café expresso!!!! Fora que fui muito bem atendido pelo nosso amigo Honório.
Enfim, a combinação de sabores é indescritivel tem que ir lá e comer para entender o sucesso que esse prato esta fazendo.

Honorio vc e sua equipe estao de parabens!!!

Abraços
Christian Sens

sábado, 5 de junho de 2010

COMER BEM, UMA DÁDIVA. COZINHAR BEM, UMA OBRIGAÇÃO!


Depois de um momento de muito trabalho, confesso que ainda estou no olho do furacão, me sentindo como uma meia na maquina de lavar, já que abrir um negócio, qualquer que seja o ramo dele exige trabalho, suor e muita dedicação para que ele dê certo, do início ao fim. No entanto, irei me dar ao luxo a três momentos só meus de agora em diante. O 1º será reservado à prática de esportes “Mens sana in corpore sano”, o 2º de cunho sabático, servirá para eu estudar sobre tudo que acho necessário, meu idioma, literatura e sobre meu ofício (cozinhar) e o 3º será um tempo livre para escrever. Isso tudo sem deixar o bistrô de lado.


Sendo assim me despeço do passado e dou oi ao futuro retomando a escrita aqui no blog e no meu projeto pessoal www.umacolherdeprosa.blogspot.com, onde hoje já postei dois textos bem bacaninhas.

Mas vamos ao que interessa, esse post!

Antes de começá-lo, deixo claro de que as opiniões que aqui estão são minhas e não tem intuito de desmoralizar ou atacar ninguém. Por isso, se você se sentir ofendido é por que não entendeu a idéia do texto.

Nos dois últimos posts, falei sobre o RESTAURANTE e sobre o MENU/CARDÁPIO, continuando essa trilogia, hoje iremos misturar os dois, tratando mais a fundo e de uma maneira menos professor de história. Falaremos sobre o ato de comer e sua intelectualização. Quem nos levará por esse tema é Bonacho um parente contemporâneo de Gargantua e Pantagruel, embebido no humor, com colheradas generosas de sarcasmo e fartos nacos de glutonice.

Vamos lá.

- Dêem-me um generoso pedaço de leitão assado, regado com um bom mel de especiarias, purê de mandioquinha o quanto baste, legumes “frescos”, algum queijo forte, pães e uma boa manteiga. Ah! Não se esqueça de uma dose gentil de Cerveja, disse: – Cerveja, não água com cevada!

Com toda certeza esse seria meu último pedido antes de ser levada à morte, na forca, guilhotina ou o quer que seja. Não pediria clemência, piedade ou liberdade, mesmo por que, quem antes de mim pediu, também não obteve, por que comigo seria diferente? Além do mais morrer de barriga vazia deveria ser considerado burrice, não se sabe pra onde vai, o que vai ter lá e partir de barriga vazia! Com certeza, ao menos para mim não estaria em questão.

Que me atire a primeira pedra quem não pensou que seria uma idéia boa ao menos morrer saciado, podendo levar consigo as impressões de uma boa refeição. Vale aqui lembrar que não como para viver, vivo para comer.

Por que se afastar ou tentar suprimir esse prazer? Que coisa mais chata e sem graça as pessoas que vêem o ato de comer como simples fato de se nutrir. Concordo que devemos moderar, mas, o que seria das refeições se tivéssemos que apenas nos nutrir e não se alimentar. Veja bem! São duas coisas bem distintas. Explico melhor, um cão come para nutrir se, um leão come para nutrir se, ou vai dizer que seu cão olha o cocho com cara de: Hum! Hoje tem ração à Milanesa, e o Leão, já viu leão com cara de quem saboreia uma zebra, lembrando de um suculento bife de ancho maturado. Não, com certeza não! Mas, a nós humanos nos foi dado a dádiva de sentir prazer na alimentação, melhor dizendo, nós conseguimos reconhecer o prazer em se alimentar. Por isso, nós não comemos apenas para nutrir se, mas sim para alimentar corpo e alma. E os que não concordam que parem de ler por aqui e peguem sua porção diária de ração humana e vá comer pra lá. Aos que como eu, sabem que COMER BEM É UMA DÁDIVA, juntem se a mim.

Me impressiona o sem numero de formas de dietas, cada uma mais louca que a outra, da sopa (confesso que fiz essa, passei a semana mais mal humorada da minha vida), a da proteína (meu fígado geme só de pensar), tipo sanguíneo (???), cada uma pior que a outra. Mas, o que irrita mesmo são as pessoas que seguem esse padrão, ficam desfiando inúmeros elogios, por que emagreceram tantos quilos com a dieta tal. Cara se criarmos agora a dieta da bala Juquinha, onde a pessoa só possa comer 10 balas Juquinha por dia e beber água ela também emagreceria. Essas pessoas doidas varridas olham uma simples banana e são capazes de dizer todos os elementos nutricionais presentes é praticamente a Larousse da nutrição. Para eles o sabor é mero acaso, me lembra o filme Matrix, onde vi rostos “sorridentes” comendo uma pasta branca, insossa e insípida, que servia para? Nutrir, apenas. Esse foi um dos primeiros espantos da personagem do protagonista, ao acordar no “mundo real”. Ah! Lembra do dissidente do filme, o que ele pede para o agente Smith? Um bom bife e uma taça de vinho! Saboreou cada naco como se fosse o único, chegava a suspirar.

Agora chato mesmo são os “ENOENTENDIDOS”, os “GASTROBOBOS” e os “GOURMECHATOS”, estes sim, são de dar no saco. Eles são fáceis de identificar, são aqueles que vão ao restaurante, e que nunca provaram uma boa azeitona, e exigem o azeite com até uma X taxa de acidez, bebem o vinho que está na revista do momento e mesmo nunca tendo provado cacau ”in natura”, tem a audácia de dizer que o vinho tem notas de cacau, como é que ele se lembra de um gostou que nunca provou? Esses são simplesmente repugnantes, não tenho a menor paciência pra eles, o pior é que são muitos e fazem força para intelectualização da comida e do ato de comer. Caramba! Quão ridículo é degustação de azeite. Você já viu ou soube de um Espanhol, Português ou Italiano, praticando tal heresia? Sabem quando um azeite é bom e pronto, o comem. Degustação de requeijão, argh! Que medíocre, prova as cegas de picolé, pra determinar, sabor, persistência de sabor e retro gosto... Retro gosto em picolé? Faça o favor! O único retro gosto que aceito em um picolé é GOSTO DE QUERO MAIS e chega.

No fundo eles só ajudam para que o mercado de gastronomia se prostitua em busca de falsos títulos, produzindo comida sem fundamento, caráter e sem passado quiçá futuro.

É só olhar, como é fácil ganhar prêmio com azeitonas líquidas, espumas de “foei gras” o cara nunca comeu nada igual, talvez nunca mais coma nada igual, e é claro que vai ficar maravilhado. Agora arranque suspiros com um bom feijão, um molho para massa descente, faça-o lembrar da comida da infância com um simples angu bem feito, isso é cozinhar o resto é invencionice. Concordo que possa e deva existir a gastronomia TECNOEMOCIONAL, MOLECULAR, enfim, eu mesmo já me interessei por alguns modos de preparo, mas, para tudo há limites. Não podemos partir do pressuposto que a desconstrução de uma matéria sirva de base para a construção de um prato. Brincar com texturas e sensações é totalmente correto, mas transforma alimento em algo que ele não é acho um crime.

E o pior é que nós bons comensais é que ficamos reféns de restaurantes e restauraters inescrupulosos que vendem uma comida ridícula, que precisa de uma infinidade de blá, blá, blás na descrição do cardápio para te confundir a um preço extorsivo, já que não seriam capazes de pedir aos seus cozinheiros, para lhe preparar uma refeição de verdade.

Pense nisso da próxima vez que sair pra comer, o que você leu no cardápio é realmente o que lhe serviram? Qual a última vez que comeu “espuma”? Saberia dizer claramente a diferença entra azeite “extra virgem” e o ”outro”?

Alimentemos nosso corpo e alma, não sejamos tolos, devemos ser moderados com razão e nos alimentar bem. Suprimir o prazer de comer é matar uma parte de nós, é apagar um traço da nossa seleção natural.

COMER BEM, UMA DÁDIVA. COZINHAR BEM, UMA OBRIGAÇÃO!

quinta-feira, 25 de março de 2010

PARA DESCONTRAIR...


Não comerei da alface a verde pétala

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

(Vinícius de Moraes)

Soneto ao caju

Amo na vida as coisas que têm sumo
E oferecem matéria onde pegar
Amo a noite, amo a música, amo o mar
Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.

Por isso amo o caju, em que resumo
Esse materialismo elementar
Fruto de cica, fruto de manchar
Sempre mordaz, constantemente a prumo.

Amo vê-lo agarrado ao cajueiro
À beira-mar, a copular com o galho
A castanha brutal como que tesa:

O único fruto – não fruta – brasileiro
Que possui consistência de caralho
E carrega um culhão na natureza.

(Vinícius de Moraes)
Hollywood, 28.09.1947

in Poesia completa e prosa: "Po

CARDÁPIO


Dando continuidade a série de textos sobre assuntos gastronômicos, passemos ao próximo título, que falará de uma das ferramentas mais importantes de um estabelecimento gastronômico, se não for a mais importante, talvez seja ao menos a que influencia enormemente na venda e por consequência lucro ou o prejuízo da casa. Estamos falando do CARDÁPIO,


A palavra CARDÁPIO é um termo unicamente Brasileiro criado no século XIX por Antônio de Castro Lopes, um filólogo que era avesso aos estrangeirismos e que por isso criou na época o termo CARDÁPIO, que tem em sua etimologia o uso de duas palavras do Latim charta e daps, que significam folha escrita e banquete ou mesmo alimento respectivamente, para se referir a MENU que por sua vez se originou da palavra CARTE.

Explicando melhor, a partir da revolução francesa os restaurantes nos moldes modernos que hoje o conhecemos começaram a se popularizar e a se espalhar pelo mundo. Para facilitar seu trabalho e possivelmente aumentar o número de seus clientes, os donos desses “RESTAURANTES” passaram a pendurar na fachada a CARTE que do francês significa placa, que tinha a função de avisar/mostrar o que ali era servido e o quanto custava. Mas, talvez por influência de seus clientes, que após se acomodarem em suas mesas não desejando levantar-se e ter que sair do restaurante para ler novamente a CARTE, tampouco ficar perguntando ao atendente o que ali era servido, algumas casas passaram a oferecer uma versão “móvel” e “menor” de sua CARTE, ao qual se deu o nome de MENU que do Latim deriva de minutus, “diminuto”.
Mas, pelo que parece a saga do “CARDÁPIO” pode não ter começado ai e sim em tempos mais antigos.

“Há pelo menos duas versões acerca da origem do cardápio, menu, carta, ementa, e de quando essa lista começou a ser utilizada[1].:

O primeiro documentado está no acervo do Museu do Palácio de Versalhes, e data de 21 de junho de 1751. Foi o menu de um Banquete oferecido pelo rei Luís XV da França à comunidade financeira. Listava 48 pratos, sopas, carnes, sobremesas. Foi desenhado pelo artista e calígrafo Brain de Sainte-Marie.

Embora não documentado, teria havido um cardápio mais antigo, conforme os alemães, que se dizem seus inventores. Em Abril de 1521, o duque Heinrich Brunswick-Wolfenbüttel fez com seus cozinheiros escrevessem num pergaminho a lista dos pratos servidos no banquete de abertura da Dieta de Worms, a qual considerou Martinho Lutero como fora da lei”

[1] "A Rainha que virou pizza" - José Antônio Dias Lopes - Obra sobre Gastronomia ao longo da História- 2007 - Cia.Editora Nacional

(Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Card%C3%A1pio , 22 de Março de 2010 as 22:00hs)

Seja qual for a ganhadora das dissidentes histórias, o que importa é que o Cardápio influencia direta e ativamente na operação da casa. Se antes ele surgiu para avisar o que era servido, hoje em alguns casos ele precede até mesmo a construção da casa. De simples placa pendurada na fachada que surgiu da necessida de informar, assume nova forma e funções: Conquistar e emocionar os clientes e gerar mais venda e lucro.

Assume agregando em seu “corpo” novos conceitos de venda, artes visuais e neologismos, passando até mesmo por uma “revolução” gráfica, sendo apresentados de formas diversas: Impressos com tecnologia de ponta e design premiado nos restaurantes de luxo, em letreiros luminosos multicoloridos dos fast-foods ou em telas de última geração sob as mesas dos restaurantes “high tech”.

Tornam se muitas das vezes o ponto norteador dos donos, pois, é através deles que é formada toda base de informação das casas, e é também através deles que se influencia os comensais de forma positiva (ou mesmo negativa) sendo pelo uso do tato, visão e até mesmo audição. Ele pode por vezes alavancar um restaurante e em outras pode derruba-lo. Observe quantas vezes um cardápio lhe fez recordar daquele simples e maravilhoso almoço de domingo em família ou nas vezes que arruinou uma noite romântica pelos excessos pretenciosos.

Para se alcançar o uso correto deles é preciso dar total atenção, estuda-lo, desenha-lo, testa- lo até quase a sua exaustão, isso para que se possa transmitir uma imagem ótima e duradoura do estabelecimento, do contrário podem ser levadas pelo ralo todas as expectativas. A Culpa é normalmente dos excessos no uso de termos técnicos que carecem de conhecimentos em engenharia de alimentos, na má estruturação gráfica, a utilização sem fim de neologismos e eufemismos que ao contrario de enobrecer os itens ali contidos, emburrecem o comensal. Não cometer estes erros tem um caminho simples, não intelectualizar o ato de comer (alimentar), o que é preciso é contextualizar, mas, isso já é assunto do próximo texto.

sexta-feira, 19 de março de 2010

RESTAURANTE


Hoje depois de debater por longo tempo o cardápio do Sebastiana, que até segunda mudança enfim foi fechado, voltei para casa com vontade ou acho que dever moral de escrever sobre o restaurante, não o Sebastiana, mas, Restaurante de uma maneira geral e seu maior apetrecho: o cardápio ou carta, e seu diminutivo menu que ficarão para um próximo momento.

Antes de falarmos sobre o RESTAURANTE, lembremos que a comida (alimento) teve, tem e sempre terá um papel importantíssimo nas mudanças históricas desde que o homem se entende por homem. Podemos talvez, até dizer que foi a pioneira nas mudanças sociais e não o dinheiro, que surgiu depois e que mesmo hoje é um co-protagonista das atuais mudanças juntamente com a comida, ou seja, no fundo a comida é a grande maquina de escrever á escrever a história mundial.

Há quem acredita e diga que o início de tudo se deu na maçã, degustada por Adão e Eva, símbolo do abuso deles que causou a ira em Deus, que os expulsou do Paraíso e por conseqüente leva a disseminação da raça humana no mundo. Daí em diante, a comida anda “intestinamente” ligada a tudo o que o homem faz ou busca fazer, invasões, guerras, navegações, revoluções industriais, evoluções tecnológicas, enfim uma gama infinita de possibilidades regadas a azeite, óleos, caldos, acompanhadas de frutas, verduras, legumes, carnes, bebidas alcoólicas ou não.

Posto isto, podemos prosseguir com o caso do RESTAURANTE, que por mais que muitos acreditem que ele tenha derivado das tavernas e estalagens, não foi exatamente isso que ocorreu. Na verdade a palavra RESTAURANTE como conhecemos e a usamos hoje deriva do termo francês RESTAURANT, que designava um caldo a base de vegetais, carnes e grãos que era servido aos combalidos e enfermos pelos RESTAURATEURS, os quais eram os que sabiam e podiam produzir e servi tal sopa.

Entre as décadas de 60 e 70 do século XVIII, supostamente existiu um personagem importante nessa história, o Sr. Boulanger (padeiro em francês e sobrenome comum) que haveria sido processado por vender “pratos” que não o caldo restaurador, sendo talvez o criador do “RESTAURANTE”.

Os RESTAURATEURS, por muito tempo comercializaram em suas casas outros tipos de iguarias e não tão somente o “caldo restaurador”, mas, foi na revolução francesa que receberam a autorização para o livre comercio de outras de suas iguarias, criando na França nos idos do século XVIII o “RESTAURANTE” assim como o conhecemos hoje. Esses estabelecimentos ganharam uma enorme propulsão na então França revolucionária, nos encontros de escritores, pensadores e muitos mais, que se reunião em volta de suas mesas para fugir do frio das ruas, alimentar-se, falar e escrever sobre seus ideais.

Outro enorme incentivador do restaurante foi (...) Voltaire que dizia que “em todas línguas conhecidas”, a palavra gosto “era usada como sentido físico, gustativo e metaforicamente para designar a consciência da beleza”. (Fonte: www.abrasel.com.br)

Com o tempo esse lugar o RESTAURANTE, foi tomando novas formas, cheiros, cores, espaços, especificações, agregando a sua operação novas ferramentas, linguagens, rouparias, louças, mais funções e quem as possa exercer e cardápios. Hoje há uma infinidade deles nos quatro cantos do globo, mas, qualquer que seja seu sotaque, tempero ou estilo de cardápio, será sempre por excelência uma instituição francesa.

Viva La France!



sábado, 13 de março de 2010

SEBASTIANA



Descrever Sebastiana, não é dos ofícios mais fáceis, requer um tipo de despretensão.
Sebastiana nasce do sonho de três jovens cariocas, que buscam não abrir apenas mais um restaurante, pretendem resgatar seu antigo e esquecido propósito, restaurar os que se fazem necessitados, de alimento, abrigo e carinho. A proposta eleita pede a licença poética para usar o titulo de bistrô, em seu mais saboroso intuito, o da proximidade entre as pessoas, da sensação de aconchego. Quem entrar no Sebastiana Bistrô irá sentir como se ali fosse sua casa, que conhecesse cada palmo de parede, teto, chão faz muito... Sentado à mesa, irá crer que há avós dentro da cozinha a lhe preparar o mais suculento dos seus desejos.
Hasteiam sobre um lindo sobrado de 1938, na Rua Mena Barreto nº 4 a bandeira da cozinha sentimental, onde o mote é conjugar o verbo agradar, não tem outro intuito senão esse. Qualquer que seja o título ou formula empregada nos “científicos sambas” de sua cozinha (Molecular, contemporânea, vanguardista, retro, clássica, internacional, Brasileira, regional,...) a intenção é que gostem de Sebastiana e dos seus.
Carioca Sebastiana pede passagem, e acaso o samba vier a ser atravessado...
-Desculpa!
 “Levanta, sacode a poeira e da a volta por cima”.
S-E-B-A-S-T-I-A-N-A
Essas exatas dez letras formam o gênero feminino de tão quanto querido e nobre SEBASTIÃO ou com mais gosto TIÃO que do Grego diz se aquele que é sagrado, reverenciado, assim como é Sebastiana, mulher de peito, fibra, cor, raça, que quebra galhos, faz graça, canta e dança xaxado na Paraíba, pinta e borda, cozinha, ama, sente vive e é como um sonho bom que nunca termina, daqueles que se pode ter de olhos bem abertos.
Sebastiana é a tradução mais bela de tudo que nos é bom e imortal, cheiro de terra molhada, laranja madura no fundo do quintal, é deleitar-se com doce de leite, beijo roubado, bom bocado, lembrança da amada na esteira dura de quem toca a boiada, fumegante aroma de café na alvorada, saudosa maloca, é taba, paliçada é oca, é abrigo em seguro colo de avó, de amplo coração mãe, é verbo, pulsa e vibra...
Viva! Viva! Vive
É tudo que se quer viver...
Sebastiana é  amor ágape que serve de abrigo e que alimenta corpo e alma, que é cego as indiferenças do cotidiano que nos cercam.
É parda, mulata, preta, mameluca, cabocla, alva, amarela, vermelha, afro descendente... É viola, atabaque e bambu.
É impar Brasis dentro de um singular Brasil.